A forma como projetamos os espaços impacta diretamente a saúde física, emocional e mental das pessoas. Em ambientes hospitalares, essa relação se torna ainda mais evidente. Ao longo dos últimos anos, arquitetos, designers e gestores da saúde têm buscado soluções que tornem os hospitais mais acolhedores, humanos e eficientes. Nesse contexto, o paisagismo biofílico tem ganhado destaque como uma estratégia capaz de transformar não apenas a estética dos espaços, mas também a experiência de quem passa por eles.

O que é paisagismo biofílico?
A palavra “biofi lia” tem origem no grego e significa “amor à vida”. O termo foi popularizado pelo biólogo Edward O. Wilson, na década de 1980, ao defender que os seres humanos possuem uma tendência inata de buscar conexão com a natureza e com outras formas de vida.
Aplicado à arquitetura e ao paisagismo, o conceito de biofilia propõe a integração de elementos naturais ao ambiente construído. Não se trata apenas de inserir plantas decorativas, mas de criar uma relação sensorial e afetiva com a natureza
por meio da luz natural, ventilação, água, vegetação, formas orgânicas, texturas e materiais naturais.
Em hospitais, onde o estresse, a ansiedade e o desconforto são frequentes, essa conexão com o natural pode ter efeitos terapêuticos reais.


Por que a biofilia importa em ambientes hospitalares?
Diversos estudos científi cos apontam os benefícios da presença da natureza em ambientes de saúde. Um dos mais conhecidos é a pesquisa conduzida por Roger Ulrich, em 1984, que demonstrou que pacientes com vista para árvores se
recuperavam mais rapidamente e com menos uso de analgésicos do que aqueles que viam apenas uma parede.
Outras pesquisas reforçam que a integração da natureza:
- Reduz níveis de estresse e ansiedade em até 30%
- Melhora a qualidade do sono em 15%
- Aumenta a sensação de bem-estar e segurança;
- Reduz o tempo de internação em 22%
- Aumenta a satisfação dos pacientes e profi ssionais de saúde em 25%
- Pode diminuir a incidência de erros médicos em 15%

A biofilia pode ser incorporada ao ambiente hospitalar de duas formas complementares:
Biofilia Direta
- Contato real com elementos da natureza.
- Indicado para ambientes externos e áreas abertas.
Exemplos de aplicação:
- Jardins terapêuticos com vegetação natural.
- Áreas de descanso ao ar livre com fontes e luz solar.
Biofilia Indireta
- Evoca a natureza por meio de referências visuais e sensoriais, sem uso de elementos vivos.
- Ideal para ambientes internos clínicos e hospitalares.
Exemplos de aplicação:
- Jardins verticais com plantas artificiais ou preservadas.
Exemplos de sucesso incluem o Khoo Teck Puat Hospital, em Singapura, com jardins em todos os andares, e os
Maggie’s Centres, no Reino Unido, que priorizam a integração com a natureza para apoiar pacientes com câncer. Esses casos reforçam a importância do paisagismo biofílico como diretriz nos projetos de saúde.




Um novo olhar para o cuidado
A arquitetura biofílica, aplicada de maneira consciente e segura, não é apenas uma tendência estética. É uma resposta fundamentada às necessidades humanas em ambientes hospitalares, promovendo experiências mais humanas, acolhedoras e reconectadas com a natureza, sem comprometer os rigorosos padrões sanitários.
Combinando estratégias de biofi lia direta e indireta, é possível transformar hospitais em espaços que priorizam não apenas a cura física, mas também o bem-estar emocional e psicológico de todos que ali convivem.


